Escassez de chips e semicondutores levou fábricas a parar produção de muitos modelos. Falta de viaturas novas está a inflacionar o preço dos carros em segunda mão. Há relatos de carros usados a custar mais do que os novos.
Há clientes em Portugal que estão a esperar mais de um ano para conseguir comprar carro novo. A paragem de várias fábricas de construção de automóveis a nível mundial está já afetar o normal funcionamento do mercado nacional.
Uma outra consequência deste fenómeno é no mercado de usados, onde há também escassez de viaturas pelo aumento da procura. A tendência é explicada com a falta de produto novo e de os grandes compradores empresariais de frotas ou as rent-a-car reterem os carros de serviço por não terem viaturas em primeira mão para comprar.
Por isso, neste momento, quem quer vender um carro usado ganhará mais dinheiro, mas quem comprar também vai gastar mais dinheiro. Há mesmo carros usados a custar mais do que o mesmo modelo novo.
As peças que faltam
O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Barata Pedro, confirma que há uma falta cada vez maior de carros novos no mercado nacional, que diz ser consequência da crise mundial de produção de chips e de semicondutores que, entre outras, tem levado a paragens de produção também em Portugal, na Autoeuropa.
“Está a ter um impacto muito negativo, em Portugal e nos outros países. Há uma longa lista de espera, e os clientes não percebem a situação que cria grandes constrangimento”, avança Barata Pedro.
Carros começam a não desvalorizar
O mesmo conta que “já tivemos clientes de Range Rover que querem comprar um carro de 100 mil euros e têm um ano e meio ou dois anos de fila de espera, como já o tivemos para um Peugeot ou um Citröen”.
A mesma fonte conta ainda que a subida no mercado de usados por falta de unidades para venda é uma realidade. E dá um exemplo: “A grande maioria dos carros que compramos são importados e mesmo no estrangeiro está mais caro. Já comprámos um carro, um modelo que já tínhamos adquirido há dois ou três anos, e fomos ver lá fora se conseguíamos arranjar e se fossemos comprar ficava ao mesmo preço de há dois ou três anos”, avança.